autodesconhecimento.

Shirley em busca do Golconda
3 min readJun 11, 2024

--

Imagens do autor durante a escrita. Eu não tenho cabelo roxo.

AVISO: as paredes de texto nesse perfil são opiniões que envelheceram muito mal.

Eu acredito que eu esteja escrevendo do tão almejado e romantizado Futuro. Ou pelo menos, do início dele.

Daqui do Futuro, é meio bizarro reler meus textos anteriores. Eu não me reconheço totalmente neles. É um tanto diferente, pois até o meu modo de escrever mudou. Mas eu me lembro. Lembro de como me sentia quando criei cada um deles. As coisas sérias, profundas, petulantes e mesquinhas que eu precisava botar pra fora. O quanto elas poderiam ter machucado (e provavelmente machucaram) a mim. Talvez a outros. E como elas parecem tão pequenas daqui de tão longe.

Meu último texto aqui tem mais de um ano. Mas ao mesmo tempo não parece. Parece mais. Tanta coisa mudou. Tanto que eu não esperava.

E os textos rememorando tempos que agora estão mais distantes ainda? Eles me levam pra um lugar familiar e ao mesmo tempo alienígena. Outros tempos, outras pessoas, outras amizades e até mesmo um outro eu. Alguém que não se aceitava completamente e vivia para agradar outros. Outros que tinham mais certeza do que eu sobre o que queriam.

E embora traços pequenos e diabólicos desse outro eu existam, eles em muito mudaram dramaticamente… ou foram devorados pela vida. A tão cruel e impiedosa vida.

E como anda a vida? Boa. Tirando todo o caos. Eu me sinto… bem. Um pouco em paz, talvez. E não me sinto. Eu sinto que agora que estou livre, existe tanto que eu quero ser, me tornar ou capturar. A vida é uma infinita torrente de possibilidades e é assustador. Eu não me conformei. E ao mesmo tempo, eu estou tentando me conformar. Mas não quero.

É tão difícil definir nesse momento o que eu exatamente quero. Eu acordo todos os dias querendo alguma coisa diferente. Eu me preocupo com 1001 variáveis e então todas elas se tornam num resultado completamente diferente de todos os que eu mapeei. Eu me canso. Eu fico disposto. E me canso de novo.

Eu odeio. Eu desprezo. Eu gosto. Eu amo. Algumas vezes eu não aguento mais. E outras vezes, eu não aguento mais, não aguentar mais. Que piegas.

Se antes eu me incomodava com todos que pensavam me conhecer e me julgavam, hoje fico rindo deles pois a verdade é que nem eu me conheço completamente. E acho que abracei esse aspecto caótico da vida. Afinal, a vida é malditamente caótica.

Antes, nos textos anteriores, eu fui muito levado a acreditar que os textos que um escritor conjura seriam para outras coisas. Pessoas, paixões pessoais, um projeto, uma situação, uma emoção. Projeção. Mas percebo agora, que só se escreve verdadeiramente para si mesmo. Independente dos catalisadores que influenciem o que você se tornou, sente ou fez, no fim… a projeção é mais interna do que externa. Você escreve mediante a um desejo pessoal. Algo muito mais seu do que deles.

Senão, para quê diabos escrever? É uma expressão de vaidade. E sem sombra de dúvidas, é a minha favorita.

E se tem uma coisa que não mudou desde Janeiro de 2023, é a seguinte: Eu ainda amo escrever. É o meu trabalho. Minha paixão. Meu vício. Minha droga. E agora, mais do que nunca, me reconheço com total certeza sobre isso. E é uma das poucas certezas em meio a tantas incertezas.

Me desconheço, constantemente. As vezes, me reconheço. E toda vez que parto em busca de autoconhecimento… eu me estranho cada vez mais. Acho engraçado. Fico rindo. É a grande piada do tempo. A distância que ele cria.

E falando sobre o tempo, meu tempo pra escrever abobrinha na internet acabou.

Eu volto. Daqui há uma semana ou um ano, talvez.

--

--

Shirley em busca do Golconda

Se você pensa que estou escrevendo sobre você: Eu provavelmente estou.